segunda-feira, 27 de julho de 2009

Incas e Laklanõs

Eu nunca havia viajado ao exterior mas sempre tive muita vontade e curiosidade.

Haviam diversos lugares já pré-escolhidos como destinos ideais e fantásticos. Alguns na América Central, outros na America do Norte e muitos na Europa. Nunca havia cogitado a hipótese de conhecer países vizinhos: “a Argentina é praticamente ali do lado! Nem vale como viagem ao exterior!” pensava.

Na primeira oportunidade real que tive de viajar, fui para lá.

Sinceramente, conhecia pouco e não me interessava muito a Argentina. Até que começamos (eu e minha namorada) a planejar a viagem. Durante o planejamento fomos conhecendo de antemão os lugares e belezas (desde cidades a pontos turísticos naturais). Comecei a me interessar muito, pois adoro atividades ao ar livre em contato com a natureza. A viagem foi planejada (pelo casal) pensando nas cidades onde ficaríamos, mas eu estava focando unicamente as belezas naturais que veria: a Cordilheira dos Andes, o Aconcágua, a ponte Inca, a patagônia, os lagos, as florestas, os cânions, vales, as montanhas de gelo, os glaciares, e “o fim do mundo” (a cidade mais ao sul do hemisfério sul).

A idéia aqui não é contar sobre a viagem mas o que se passou comigo por lá. Ao visitar vários locais senti uma “vibração tensa”. Os guias citavam as civilizações indígenas antigas (Incas, Huarpes/Araucanos/Patagões - que deram origem ao nome da região Patagônia) e eu queria saber mais e mais. Até que eles falaram sobre uma “operação deserto” coordenada por militares do governo de alguns séculos atrás que tinha como objetivo eliminar todo e qualquer índio que fosse encontrado.

Que tristeza saber que em vários daqueles lugares existiam tribos e mais tribos de índios vivendo livres e agora, os poucos que sobraram são obrigados a servir praticamente escravizados por terem entregados suas terras aos colonizadores.

Aquilo me comoveu de forma especial.

Mas o que tudo isto tem a ver com urubici?

 

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Em uma de minhas caminhadas pelas trilhas da serra do corvo branco cheguei até um altiplano que tinha uma vista peculiar.

Ao longe eu avistei uma pirâmide. Os leitores devem achar que eu estava maluco, mas eis as fotos para comprovarem:

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Para mim estava claro que PARECIA uma pirâmide, mas não era uma. Mas a visão subconscientemente me intrigou.

Além desta, algumas outras formas (como pedras empilhadas formando colunas sobre as montanhas, ou formando montes nas terras baixas dos vales dos rios, ou montanhas em forma de águia, ou lembrando estátuas em formatos humanos de deidades) eram notadas como belezas naturais e fabulosas formações esculpidas pelas intempéries do tempo, dos ventos e das águas, mas tantas formas deste tipo em um único lugar só me faziam pensar no seguite:

“Ou aceito que existem muitas coincidências e fatos que me sensibilizam em várias dimensões e aspectos ou busco respostas”.

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Pedras Empilhadas na pedra do caranguejo no Vale Grande do Rio Atuel em San Rafael (Canion del Atuel) na Argentina – Território do Antigo Império Inca.

 

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No vale del Atuel a imagem de uma mulhes deitada (perfil do rosto ao centro): Pachamama, a Mãe-Terra, Senhora das Montanhas, das Rochas e das Planícies para os Incas.

 

 

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Pedras Empilhadas ao lado da cabeça da pedra da águia em Urubici/Rio Canoas (influência Inca no Brasil?).

Porque em vários lugares não percebo tais símbolos e chaves e em outros sim? Talvez por eles estarem em alguns lugares e não em outros ou por que nestes lugares minha mente está apta a vê-los e em outros não. O fato é que lá em Urubici, nas proximidades do Rio Canoas minha sensibilidade aflora e eu percebo coisas que estão realmente lá, assim como percebo em São Paulo a intensa energia quando passo por um antigo caminho indígena que foi posteriormente utilizado pelos Bandeirantes e que séculos mais tarde se transformaria na “planejada” Avenida das Acácias (que foi inagurada por fim com o nome de Avenida Paulista) ou quando imagino o vale do Pacaembú a milênios atrás (com suas encostas e morros ao redor) e todos os habitantes que alí viveram ou por alí passaram em eras passadas, ou na Estrada da Graciosa no Paraná (uma milenar estrada indígena que levava as tribos do litoral para a serra e vice-versa de acordo com a estação do ano afim de alimentarem-se de mariscos e peixes ou de pinhão das araucárias). Parece que não é coincidência o fato de identificarmos sinais e lugares “sagrados, místicos, energéticos ou magnéticos”. Há um tanto de predisposição mental (de acordo com o modelo mental experienciado pela pessoa em determinado momento da vida) mas não podemos negar a imensa carga emocional e subjetiva que habita no inconsciente coletivo que nos cerca.

Imaginem ver uma cena como a de baixo:

Pedra da Águia - Rio Canoas - Urubici

A asa de uma águia apontando para o sol no Rio Canoas em Urubici: Apontando a direção dos caminho a ser seguido?

Nas tradições indígenas antigas (entre os xamãs) “o vôo da águia” é a expressão simbólica para representar a viagem espiritual/astral do momento de transe que pode ser naturalmente induzido por alterações nos ciclos respiratórios, ou por ingestão de cogumelos – comuns em urubici - ou plantas de poder – como foi o caso da Ayahuasca entre os Incas.

 

SOBRE INCAS E LAKLANÕS

O POVO DO SOL

Dizem que o povo andino sediado originalmente no Peru passou a chamar-se Filho do Sol, porque seu ideal era ativar seu sol interior, reconciliando-se com as forças femininas da Pachamama (Mãe Terra) e com as forças masculinas de Virachoca (Grande Criador).

Ser “filho do sol” era o compromisso com a unificação e o crescimento, um compromisso de viver profundamente os seus poderes e de ser tão brilhante quanto o nascer do sol.

A palavra Inca, além de significar SOL podia ser entendida como SENHOR, e por isto podemos entender também um aspecto pólítico-religioso desta sociedade. Ser filho do SOL significava também prestar reverências ao Senhor dos Reinos. O Iimperador Inca representava o Sol na Terra (em forma humana) ao qual os demais reinados deviam respeito e subordinação.

Fixados na região dos Andes, os incas constituem uma grande civilização que dominou uma ampla faixa de terras pelo território sul-americano. De acordo com um relato de natureza mítica, o povo inca se fixou inicialmente na região de Cuzco e teve como primeiro grande líder Manco Capac. Por causa das condições geográficas mais favoráveis, a presença inca se concentrou primeiramente na região central dos Andes.

 

O IMPÉRIO DOS QUATRO QUANDRANTES

Em finais do século XII de nossa era, a pequena tribo dos Incas chega ao vale de Cuzco. Segundo a lenda, conta-se que de uma caverna a 30 km ao sul do vale saíram 4 irmão em sentidos diferentes: Ayar Cachi, Ayar Uchu, Ayar Auca e Ayar Manco (também conhecido como Manco Carpac). Assim foram fundados os 4 grandes reinos (um em cada quadrante).

Por volta do século XV os incas estabeleceram um processo de expansão territorial que buscou os planaltos encravados entre as montanhas andinas e as planícies do litoral Pacífico. Sob a tutela do imperador Pachacuti Yupanqui, outras populações foram militarmente subordinadas ao poderio inca. Com isso, a civilização passou a tomar a feição de um grande império.

“O Inca” era a mais importante autoridade política entre o povo inca. Viviam em uma monarquia teocrática hereditária.  A palavra significa também “Senhor” e por isto, diferente de um reinado onde existe apenas um Rei, o império Inca reunia vários Reinos que se localizavam nos “quatro quadrantes” do domínio Inca.

Venerado como o descendente do deus-sol Inti Raymi, o imperador era o principal guardião de todos os bens pertencentes ao Estado, incluindo a propriedade das terras. Os terrenos cultiváveis eram divididos em três parcelas distintas: a terra do Inca, destinada ao rei e seus familiares; a terra do deus-sol, controlada pelos sacerdotes; e a terra da população.

A religiosidade dos incas era marcada pela adoração de vários elementos da natureza, como o sol, a lua, o raio e a terra. No sistema de valores da religião inca, todos os benefícios alcançados deveriam ser retribuídos com algum tipo de sacrifício que expressava a gratidão dos homens. Por esse fato, observamos que os incas organizavam vários rituais onde os sacrifícios, inclusive de humanos, eram comuns.

Para interligar as cidades de integravam o Império Inca, uma série de estradas em pedra foi construída com o objetivo de facilitar a comunicação e o deslocamento entre as pessoas. Vale ressaltar que as cidades incas contavam com vários projetos arquitetônicos complexos que incluíam a construção de palácios, fortalezas, e templos com dimensões surpreendentes.

No século XVI, momento que marca a chegada dos espanhóis à América, a civilização inca sofria com uma série de conflitos de ordem interna. Aproveitando dessa instabilidade, os colonizadores europeus empreenderam um violento processo de dominação. No ano de 1571, os remanescentes desta civilização foram subordinados após a morte de seu líder, Tupac Amarú I.

 

Outro Povo do SOL ao sudeste dos Incas

“Laklanõ”, significa também “povo do sol” ou também “povo ligeiro”,ou “povo que conhece todos os caminhos”. Diz-se que as incursões Incas sobre o sul da América do Sul não foi fácil. Na região ocupavam diversas tribos e clãs menores que defendiam bravamente suas terras contra a subjugo Inca. Diversas tribos discidentes, tentando livrar-se da dominação Inca refugiavam-se ao sul e sudeste. A migração ocorria ao sul pela cordilheira e depois em, direção ao sol (leste). Acredita-se que os Laklanõs podem ser descendentes de Incas andarilhos que entendiam a reverência ao Sol “diretamente” e não através do Senhor Inca.

Sendo um povo bastante centrado em seus líderes com conhecimentos xamãnicos sobre sua espiritualidade não se subordinaram ao controle e poder centralizado do grande Senhor Inca, mas e prossegiram em direção ao Sol nos limites entre as Terra do Sul e as Terras do Leste.

quadrantes incas

Partindo de Cusco (centro do X) em direção Sudeste chegamos aos altiplanos próximos ao litoral de Santa Catarina (em Urubici) região habitada pelos Laklanõs.

Afinal, Xokleng ou Laklanõs? o índio Kango Ingakã, também conhecido como Macaletti – um

dos membros mais antigos desta comunidade ele diz: “Eu não sou Xokleng, nos consideramos Laklanõ – conforme o sol vem vindo o índio também vêm vindo.”


Uma lendas Inca

A Origem da Ayahuaska

Conta o Mito que o mestre irineu recebeu este chá dos Incas, que usavam o chá somente entre eles, era uma bebida "sagrada que nascia na floresta", vedada a qualquer um que não pertencesse a familia incaica, que deu aos Incas fama de grande sabedoria e justiça, que alcançaram um tal refinamento que governaram o maior império sul americano com apenas três LEIS:

Não roubar;

Não mentir;

Não ser preguiçoso.

Poucos relatos temos para comprovar a ligação do Mestre Irineu (Precursor do culto Santo Daime no Brasil) com os Incas, no entanto o senhor Clodomiro Monteiro da Silva, deixou registrado em depoimento este fato. 

“Isso ele foi buscar longe, veio do Peru. Na história esta bebida derivou do Inca Huascar, passou deste para um caboclo (mistiço) peruano chamado Pizango, do caboclo para Antonio Costa, de Antonio Costa para ele (o Mestre Irineu). Porém até aí era uma bebida totalmente bruta. Só homens tinham o direito de tomar. Ele procurou especializá-la, e se dedicou realmente.

Temos relatos que afirmam que foi o caboclo xamã andino Pizango quem em um transe recebeu a incumbência vinda do Astral diretamente ditada pelo Inca Huaskar, irmão de Atahualpa (executado em praça publica pelos espanhois ou seja por Pizarro, quando acabou o império Inca) de achar a pessoa certa e transmitiria o "segredo" a ela, que esta pessoa transmitiria ao mundo.
Os Incas conseguiram guardar o seu maior segredo “o Disco Solar" , visto por três espanhóis emissários de Pizarro, e todas as miniaturas em ouro que tinham de tudo que existia no mundo, ambos estavam no Templo do Sol, quando os espanhóis chegaram a Cusco (capital do Imperio inca) encontraram somente paredes nuas.

Segundo Roselis Von Sass, no livro A Verdade sobre os Incas, os Incas constituíam uma estirpe de líderes, isto é, pessoas com consciência do poder. Eles superavam os outros médicos, não por causa de suas sensacionais operações cranianas ou por causa da cura de outras complicadas fraturas. Não. Não por causa disso. Isso também os egípcios fizeram e antes deles médicos de povos desconhecidos e há muito desaparecidos. Os Incas tornaram-se famosos por causa do dom de reconhecer e curar doenças da alma. Isso não aconteceu, naturalmente, nos primeiros tempos. Naquela época ainda não conheciam os males causados por doenças anímicas. Esses males eles somente conheceram pouco a pouco, no convívio com pessoas de outros povos. Com povos que mais tarde se uniram a eles.

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